quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Flora e Fauna

Diversidade e Particularidades Regionais

Gruas
Gruas japonesas, Pântano Kushiro (Província de Hokkaido)
Espécie protegida no Japão, essa grua rara pode ser encontrada apenas na Sibéria e em Hokkaido

A Flora do Japão
A flora do Japão é marcada por uma grande variedade de espécies. Existem aproximadamente 4.500 espécies de plantas nativas no Japão (3.950 angiospermas, 40 gimnospermas e 500 tipos de samambaias). Cerca de 1.600 angiospermas e gimnospermas são naturais do Japão.

O grande número de plantas reflete a diversidade de clima que caracteriza o arquipélago japonês, que se estende por 3.500 quilômetros (2.175 milhas) de norte ao sul. O aspecto climático mais frequente é a grande variação de temperatura e as significativas precipitações, o que é propício para a sua rica e abundante flora. O clima também favorece o fato do Japão serquase 70% coberto por florestas. As folhas mudam de cor de estação para estação.

As plantas estão distribuídas nas seguintes cinco zonas, todas se encontram na zona temperada do leste asiático: (1) zona subtropical, incluindo as ilhas Ryukyo e Ogasawara; (2) zona de temperatura mais quente com vegetação de folhas largas e perenes, que abrange a maior parte do sul de Honshu, Shikoku e Kyushu. As árvores características são o shii e o kashi, ambos são tipos de carvalhos; (3) zona de temperatura mais fria com vegetação de folhas largas e sazonais, que cobrem a região central e norte de Honshu e o sul de Hokkaido; a faia japonesa e outras variedades de árvores são encontradas aqui; (4) zona subalpina, que inclui a região central e o norte de Hokkaido. As plantas características são o sakhalan fir e o yesso spruce; (5) a zona alpina nas partes altas da região central de Honshu e Hokkaido, com plantas alpinas como as komakusa (dicenta peregrina).
Plantas Típicas no Japão
Matsu e sugi, o pinheiro e o cedro japonês, respectivamente, são comuns no arquipélago, mesmo em regiões mais quentes no sul, e são muito conhecidos dos japoneses.

Os pinheiros geralmente compõem um cenário esplêndido. O local com o cenário mais notável está em Amanohashidate, na Província de Kyoto, com mais de 6.000 pinheiros em linha sobre a faixa de areia. Grandes pinheiros, que crescem a um máximo de 40 metros, também servem como quebra-vento nas regiões costeiras. Pinheiros de pequeno porte são utilizados como bonsais, árvores de jardim e como enfeites nas casas.

Pinheiros também são considerados árvores sagradas. Pessoas nos tempos antigos ficavam encantadas com a natureza e viam nas plantas e árvores símbolos de espíritos divinos. Houve um tempo, por exemplo, em que era comum a veneração dessas árvores como o pinheiro, cedro ou cipreste, porque se acreditava que eles proviam habitação às deidades enviadas ao céu. A prática ainda comum de se decorar as entradas das casas no Ano Novo com ramos de pinheiros (kadomatsu, literalmente, “portão de pinheiro”), surgiu com a crença que esta era uma maneira apropriada de se dar boas-vindas aos deuses.

Jomon SuguiCedro (Província de Kagoshima)
Conhecido como cedro de Jomon, essa árvore da ilha de Yakushima tem 16,4 metros de circunferência e acredita-se que possua cerca de 7200 anos
(Foto cortesia da AFLO)

A Flora na Vida quotidiana
Se existe uma planta que melhor representa o Japão, esta é a sakura (cerejeira). A sakura, que é natural do Japão, tem sido de longe a planta mais popular desde os tempos antigos. Os japoneses modernos saúdam o surgimento das flores de cerejeira na primavera como uma oportunidade para ter hanami (festas de observação da flor), e muitas celebrações de escolas e empresas são realizadas nessa estação. A previsão do tempo na televisão e nos jornais transmite informações atualizadas sobre o desabrochar das flores que se inicia em Okinawa e termina ao norte, em Hokkaido.

No outono, quando as folhas mudam de cor, tem-se outra oportunidade para se apreciar a natureza. Embora se dissesse que há centenas de anos as pessoas se juntavam sob as árvores para dançar ao som de músicas, hoje em dia a maioria dos japoneses urbanos entra em seus carros ou vão de trem observar as paisagens e as cores do outono.Sakura
Vista do desabrochar das cerejeiras
Geralmente é em março e abril que as cerejeiras desabrocham e os piqueniques acontecem sob seus galhos floridos
Entre os lugares que se destacam pela sua beleza estão o Parque Ueno (Tóquio) e o Parque Osaka Castle (Osaka)

Preocupações Ecológicas
No Japão industrializado de hoje, as plantas não possuem o mesmo significado nem o mesmo nível de importância do passado. Após muita exploração da natureza, o corte imprudente das árvores e a disseminação da poluição, as pessoas vieram a entender que elas devem conservar e reabilitar o meio ambiente.
A Fauna do Japão
Muitas espécies raras não encontradas nos países vizinhos podem ser vistas na fauna japonesa. Assim como a vida vegetal é amplamente diversificada graças as diferentes condições climáticas do norte ao sul, assim as ilhas japonesas são habitadas por animais segundo as suas regiões: animais tropicais do sudeste asiático, animais chineses e da zona temperada coreana, e animais subárticos siberianos.

Peixes-coral tropicais coloridos e brilhantes, tartarugas, e cobras marinhas são encontrados no mar tropical das ilhas Ryukyu, que também é lar do boto e do golfinho negro. No mar ao norte de Honshu encontram-se leões-marinhos, focas e baleias. Animais típicos do ártico como as morsas as vezes visitam Hokkaido, o lado mais ao norte próximo do Mar de Okhotsk.
Na parte mais ao sul do Japão, as Ilhas Ryukyu são habitadas na maior parte por animais tropicais como a águia das serpentes, morcegos e lagartos.

A distribuição de animais não é contínua devido ao fato das ilhas japonesas terem se separado e se unido ao continente repetidas vezes, resultando em uma migração animal extremamente complexa. Além disso, os animais encontrados em um lugar específico do Japão não são os mesmos vistos em áreas semelhantes no continente; muitas dessas espécies são encontradas exclusivamente no Japão.
Entre as espécies endêmicas do Japão estão a ratazana japonesa, o macaco japonês, o faisão, a salamandra gigante japonesa e a libélula primitiva. Da mesma maneira, nas ilhas Ryukyu, que alguns estudiosos acreditam ter se separado do continente muito antes do resto do Japão, é possível se encontrar o pica-pau e o camundongo espinhoso. A Península Shimokita, ao norte de Honshu, é o habitat mais ao norte onde pode se encontrar símios no mundo.

Nas profundezas do mar, podem ser encontrados fósseis de caranguejos, tubarões e conchas. Eles convivem com outros animais marinhos como o caranguejo-aranha gigante (o maior crustáceo do mundo), a salamandra gigante (o maior anfíbio do mundo, que pode viver por quase 50 anos).

Salamandras, cigarras e libélulas habitam as ilhas em várias formas. Existem oito espécies de borboletas cauda de andorinha apenas no Japão.

Entretanto, muitos animais da fauna japonesa estão em extinção. Por exemplo, o íbis-de-crista (nipponia nippon) tornou-se extinto em 1997. Entre os animais em risco estão o gato-de-iriomote (mayailurus iriomotensis), a lontra japonesa (lutra nippon), o albatroz (diomedea albatrus) e a cegonha (ciconia ciconia boyciana).
Animais e Cultura Japonesa
As figuras dos animais são importantes na cultura japonesa. A literatura clássica chinesa é a fonte de boa parte das crenças populares assimilada pelos japoneses sobre muitos animais. Na antiguidade, por exemplo, a elite japonesa adotou da cultura chinesa a ideia de que alguns animais como as tartarugas e as gruas traziam, respectivamente, longevidade e felicidade, e as andorinhas traziam um bom retorno das viagens.

Certos animais possuem um lugar especial no folclore japonês. O tanuki (guaxinim), geralmente encontrado próximo às vilas, sempre foi considerado uma criatura estranha e com poderes sobrenaturais. Nas fábulas antigas, esse animal sempre amaldiçoa as pessoas, embora seus feitiços assustem mais do que produza algum dano. Na verdade, ele é geralmente descrito nos contos como um personagem cômico com barriga e testículos grandes e que carrega sempre uma garrafa de saquê consigo. A raposa também tem sido associada a poderes sobrenaturais, e uma mensageira de Inari Myojin, o deus da agricultura. As raposas são consideradas espertas e traiçoeiras. No passado, acreditava-se que as raposas lançassem feitiços sobre os viajantes durante a noite. Algumas vezes, dizia-se que as raposas poderiam, inclusive, possuir as pessoas, fazendo com que ficassem insanas. A crença em Inari existe até hoje, e a raposa é venerada nos santuários Inari em alguns lugares no Japão.

Os ensinamentos budistas influenciaram as atitudes das pessoas com relação aos animais. Até finais do século XIX, por exemplo, quase que nenhum japonês seria capaz de abater um animal de quatro patas, fazendo dos peixes a sua principal fonte de proteína. Existe o ciclo sexagenário do sistema antigo do calendário chinês no qual um animal (rato, boi, tigre, coelho, dragão, cobra, cavalo, ovelha, macaco, galo, cachorro e javali) representa cada sub-ciclo de 12 anos. O ano de 1998 é o ano do tigre e, o próximo, o do coelho. Mesmo no Japão moderno, aparentemente, todos associam o ano do seu nascimento com um animal em particular, dizendo, por exemplo, “eu nasci no ano do cavalo”, associando a personalidade e a sorte na vida com o animal que representa o ano do seu nascimento.

Sem comentários:

Enviar um comentário